quinta-feira, 29 de julho de 2010

Caso Bruno: menor diz que mentiu porque havia usado drogas

O adolescente J., 17 anos, primo do goleiro Bruno, disse que afirmou ter mentido no primeiro depoimento sobre a morte de Eliza Samudio, ex-amante do jogador, porque havia usado drogas. O Terra teve acesso ao termo de acareação entre o menor e Sérgio Rosa Sales.

J. disse que não confirmava as informações prestadas anteriormente. "Eu não tive participação de quase nada. Tive participação até no sítio e depois não fiquei sabendo de mais nada. Eu menti porque tinha usado droga antes de vir para Belo Horizonte. No dia que eles me pegaram lá em casa (na casa do goleiro Bruno, no Rio de Janeiro), eu tinha acabado de usar droga. Depois que eu já tinha falado a primeira vez, eu continuei mentindo", afirmou.

"No dia que eu levei os PMs do Rio até a casa (do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em Vespasiano), eu fui ameaçado. Até então, eu sabia onde que ele morava, mas não tinha certeza se era ele mesmo, se era aquela casa mesmo. Era a única pessoa que eu conhecia naquela região. Eu conheci ele na... na... eu acho que foi numa boate em Ribeirão das Neves, mas não lembro o dia", disse o menor, sobre o homem apontado pela polícia como executor de Eliza, que dizia ter um filho de Bruno.

Perguntado como ele explicava o fato de ter descrito "pormenorizadamente" a casa de Bola, antes mesmo de ter entrado no imóvel, e ter descrito como foi a execução de Eliza, ele respondeu que havia ido no local com Luiz Henrique Romão, o Macarrão, há cerca de dois anos. "Nós fomos na casa dele para nada, eu nem lembro direito", afirmou.

Questionado sobre ter incriminado Sérgio ao colocá-lo na casa de Bola, local considerado o lugar onde Eliza foi morta, o adolescente disse que foi pressionado. "A delegada (Ana Maria Santos) me pressionou para eu poder falar, para eu poder inventar qualquer coisas, se não eu ia pegar internação de seis anos ou mais", afirmou.

Quando o delegado Wagner Pinto perguntou sobre o vínculo entre Macarrão e Bola, o menor disse que não queria falar mais nada e que ficaria calado a partir daquele momento. A mãe do jovem, que acompanhava a acareação, não autorizou a coleta de material para um exame DNA.

Sérgio reafirmou depoimento

Sergio Sales ratificou as declarações que havia fornecido anteriormente à polícia, sobre o período em que Eliza teria sido mantida no sítio de Bruno, em Esmeraldas. "Eu não vigiei ninguém. Quem vigiou foi o J. e o Macarrão", afirmou. Questionado se Bruno tinha acesso à casa onde a mulher estava, Sales disse que sim, mas que o atleta não ia muito ao local.


Questionado se o menor deu detalhes da ação, Sales confirmou. "o J. me contou que, juntamente com Macarrão, teriam levado Eliza até a residência onde ocorreu o crime e que teriam presenciado o executor matá-la com ajuda de Macarrão", disse.

Sales disse que foi ameaçado para que não contar nada a polícia. "Nem o J. nem o bruno, mas o Macarrão, sim. Ele falou comigo que se eu abrisse o bico, iria acontecer comigo o que tinha acontecido com Eliza", disse.

O CASO

Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Durante a investigação, testemunhas confirmaram à polícia que viram Eliza, o filho e Bruno na propriedade. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado. Por ter mentido à polícia, Dayanne Souza foi presa. Contudo, após conseguir um alvará, foi colocada em liberdade. O bebê foi entregue ao avô materno.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em depoimento, admitiu participação no crime. Segundo o delegado-geral do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) de Minas Gerais, Edson Moreira, o menor apreendido relatou que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, estrangulou Eliza até a morte e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Os três negam participação no desaparecimento. A versão do goleiro e da mulher é de que Eliza abandonou o filho. No dia 8, a avó materna obteve a guarda judicial da criança.

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